Agora com mais cabeça
No reencontro com o adversário maldito, o F.C. Porto teve cabeça. Na circunstância, a cabeça de Hulk: logo aos três minutos, num cabeceamento mais eficaz do que estético, o brasileiro inaugurou o marcador e lançou o F.C. Porto no jogo. A partir daí a equipa teve tino, teve ordem e teve juízo. Naturalmente ganhou.
Partiu muito da organização sem falhas, aliás, o triunfo sobre um Nacional que nem fez cócegas. Bem arrumada no terreno, solidária nas compensações e capaz de pressionar alto, a formação portista dominou o jogo do início ao fim e não deixou o adversário aventurar-se. Ao contrário do que fez há vinte dias, pois.
O resto... bem, o resto foi Hulk. Um super-herói imparável, que marca com os pés e com a testa, em velocidade ou parado, sobre uma ala ou mais ao centro. Fez o primeiro golo em Portugal de cabeça, bisou ainda antes do intervalo, assistiu James de calcanhar para o melhor golo da noite e ainda atirou mais tarde à trave.
Outra vez de cabeça, curiosamente, ele que se redescobre a cada jogo, a cada posição, a cada necessidade da equipa. Agora é ponta-de-lança e nem com o desvio para uma posição teoricamente mais difícil é travado. Somou o 19º golo na liga e igualou, por exemplo, Messi. No ocidente só Ronaldo (23) faz melhor.
Ora incapaz de travar Hulk e incapaz de se estender no relvado, o Nacional perdeu a capacidade de sonhar ainda na primeira parte. Só criou perigo uma vez, quando Mateus marcou em claro fora-de-jogo. Depois disso, mais nada. O resultado (3-0) ao intervalo ameaçava uma goleada. Não era por acaso: há antecedentes.
Das outras duas vezes que o F.C. Porto tinha chegado ao intervalo a vencer por três acabou por fazer cinco. Com o Benfica e com a U. Leiria. Esta noite não chegou a tanto, é verdade, mas ameaçou-o. Hulk, já se disse, atirou à trave, Maicon falhou na cara de Bracalli e Rodriguez marcou um golo bem anulado por falta.
A segunda parte, também é preciso sublinhá-lo, baixou o ritmo de uma primeira que pareceu lenta porque foi jogada só num sentido. O F.C. Porto continuou a dominar e a procurar a baliza adversária, mas com menos urgência. Fundamental, percebeu-se, era corrigir o erro da Taça da Liga e não deixar o Nacional crescer.
Nesse aspecto, tornou-se fundamental o regresso de Fernando. O brasileiro não é tão bm de bola quanto Guarín, mas traz mais consistência à equipa. É mais responsável e mais maduro a defender. Recupera bolas, cobre espaços, compensa os companheiros. Com Moutinho e Belluschi, compõe um meio-campo muito seguro.
Também por isso o Nacional foi uma sombra da equipa que infligiu a Villas-Boas a única derrota. A colocação de Tomasevic a central, com Danielson a lateral-esquerdo na primeira parte, foi um equívoco de Jokanovic. Anselmo, desta vez até foi titular, mas não trouxe com ele a kryptonite. O super-herói estava imparável.
Só falta dizer que com um mês de antecedência, o F.C. Porto já entrou na 20ª jornada a vencer. A bola está do lado dos rivais.
in "maisfutebol.iol.pt"